Proprietário de empresas de ônibus que atuaram, por décadas, no transporte público urbano em Brasília, o ex-senador Valmir Amaral (PTB-DF) disse que pagou propina ao ex-governador Agnelo Queiroz (PT) e seu vice, Tadeu Filippelli (PMDB), por meio do ex-diretor do DFTrans Marco Antônio Campanella (PPL). Segundo ele, o dinheiro saia das mãos de seu pai, o já falecido empresário Dalmo Josué do Amaral, que repassava propinas de “R$ 15 mil, R$ 20 mil” aos integrantes do governo. Valmir foi à Câmara Legislativa, na última terça-feira (8), para conversar com o relator da CPI dos Transportes, Raimundo Ribeiro (PSDB), que investiga os gastos do transporte público do Distrito Federal.
A revolta de Amaral com a gestão de Agnelo tem explicação. Foi na gestão do petista (2011-2014) que as empresas dele sofreram uma intervenção governamental. Em fevereiro de 2013, o então governador e o vice coordenaram pessoalmente a operação que assumiu a operação das empresas Viva Brasília, Rápida Veneza e Rápido Brasília, integrantes do Grupo Amaral, do ex-senador.
A ação para retomar o controle das linhas de ônibus do DF, segundo Amaral, custou R$ 55 milhões. Na Justiça, o empresário cobra indenização de R$ 360 milhões por contas dos prejuízos e danos morais causados pela intervenção. Ele não apresentou provas à Câmara Legislativa do repasse de propina ao ex-governador.
O advogado de Agnelo Queiroz, Paulo Guimarães, disse ao Congresso em Foco que vai processar Valmir Amaral. Segundo a defesa, Agnelo vai denunciar o ex-senador por crime contra a honra, calúnia, difamação e injúria.
Herman Barbosa, advogado de Filipelli, afirmou que as alegações de Amaral não são verdadeiras e não passam de “tentativas de difamar o ex-vice-governador”. Barbosa também afirma que entrará na Justiça conta Valmir Amaral.
Marco Antonio Campanella, até o fechamento desta reportagem, não foi localizado.
O deputado distrital Raimundo Ribeiro afirma que não descarta a possibilidade de convocar Amaral para depor na CPI dos Transportes.
Valmir Amaral foi senador entre 2000 e 2007. Ele era suplente de Luiz Estevão e assumiu após a cassação do senador que foi preso na terça-feira (9).