O outrora PT aguerrido e defensor do bem, agitando bandeiras, buzinando e fazendo alarido nas avenidas movimentadas, já não empolga o brasiliense. Pelo menos nas mesas de bares e restaurantes. Nem no reduto mais marcadamente de esquerda, centro da produção do pensamento intelectual, a Asa Norte, o denominado campo de esquerda já não ostenta o brilho de antigamente. “Acredito que o debate sem o ex-governador Joaquim Roriz (PSC), encarnando o que tinha de mais nefasto na administração pública, não empolga a militância”, justifica um outrora guerreiro da ala vermelha que infernizava a vida do azul.
O presidente da legenda no Distrito Federal, Chico Vigilante, já perdeu a conta das noites indormidas com intermináveis reuniões tentando convencer as variadas tendências de que, divididas, são verdadeiras presas aos adversários. Até agora, Vigilante só tem colecionado dissabores, ora com o deputado federal Geraldo Magela azucrinando as suas estratégias, ora os eternos radicais querendo melar o jogo. “Está muito difícil construir um consenso em torno de um nome para disputar a vaga de Chico Vigilante. Todos querem se valorizar e aí ninguém cede”, desabafa um escudeiro de Vigilante. De concreto mesmo, é a possibilidade de Agnelo Queiroz ser candidato ao Senado.
Um repórter conversou com um assessor próximo ao gabinete do presidente Lula e ouviu que existe uma corrente que já admite a tese de que o governo do Distrito Federal está muito longe de ser alcançado pelo PT. “Portanto, Lula já considera como uma causa sem motivação investir numa empreitada que todos, de antemão, já sabem o resultado: perdido”, disse a fonte. A única chance, garantiu, seria Agnelo disputar o Senado com o aval do Planalto, principalmente pelo capital político de Agnelo acumulado na disputa com Joaquim Roriz, que por pouco, não conquistava a vaga de senador. “O Agnelo é o único que tira voto da coligação do governador José Roberto Arruda e de Joaquim Roriz”, avalia a fonte.
Parece que o caminho natural vai acabar sendo este mesmo, mas a pergunta que fica no ar é a seguinte: quem vai substituir Agnelo? “Esta lorota de Magela querer ser candidato ao governo é só um pano de fundo para que ele se cacife junto à cúpola do partido para arrancar apoio, tanto financeiro quanto de estrutura para disputar o Senado”, garante um adversário de Magela no diretório. Coincidência ou não, a nota que circulou na coluna de Ilmar Franco, do jornal “O Globo”, de sexta-feira, 13, deixou os petistas em pânico, principalmente o presidente da legenda no DF, Chico Vigilante, que vem, a duras penas, tentando costurar um acordo definitivo com Magela em torno de Agnelo.
Vigilante disse a um blog que não acredita que seja verdadeira esta história de que o presidente Lula deseja que o PT do Distrito Federal apóie a reeleição de Arruda. “Esse fato não existe. Não há pressão do presidente Lula, até porque temos candidatura própria e estamos trabalhando para colocar nosso candidato no segundo turno das próximas eleições. Essas notícias têm intuito apenas de desestabilizar a militância.”
A notícia pode ter irritado meio mundo no PT, mas nas hostes democratas foi um verdadeiro bálsamo de alívio, com mais um possível adversário sendo colocado na lona.
Desanimado — Gente que convive na intimidade dos Roriz diz que ele anda meio desanimado com a campanha por conta dos números das últimas pesquisas, que mostram uma queda em sua popularidade. “Roriz está tendo dificuldades em arrecadar fundos para manter os custos de seu escritório político. Como é notório, ele dificilmente coloca a mão no bolso para gastar em eleição e, desta vez, o grupo que cuidava desta parte está nas asas de Arruda. A escassez bate à porta”, conta a fonte.
Pessoas ouvidas pelo Jornal Opção garantem que Roriz cometeu um erro político grave ao imaginar que ficando em Luziânia, sem se preparar para uma possível saída do PMDB, poderia, de um momento para outro, ser ungido governador sem gastos. No passado, os amigos e escudeiros iam até ele e garantiam as fontes financiadoras. “Agora os tempos são de vacas magras”, lembrou o informante.
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