A relação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com os movimentos sociais é praticamente fraternal. Criado entre sindicalistas, Lula transformou-se em político ao lado dos companheiros de chão de fábrica. Tem facilidade ao dialogar com o setor, fala a mesma língua, ouve e está acostumado com as reivindicações. Com raras exceções, o presidente conseguiu amainá-los e baixar o tom das demandas e das críticas. Ou seja, a camaradagem da época de sindicalista continuou no governo. Uma das causas da boa relação é o volume de dinheiro do governo que as entidades receberam desde 2003. Entidades jurídicas ligadas ao MST são as campeãs, com R$ 46,9 milhões, no total, seguidas pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), com R$ 37,9 milhões, e a Força Sindical, com R$ 36,6 milhões. O levantamento foi realizado pela assessoria de Orçamento do DEM, com dados do Sistema Integrado de Administração Financeira. Em relação às centrais representantivas dos trabalhadores, o ano com o maior repasse registrado foi 2005. A CUT recebeu R$ 14,5 milhões e a Força Sindical, R$ 13,1 milhões. No ano passado, a Central Única dos Trabalhadores foi a única com fonte de repasse do governo federal (R$ 4,5 milhões). Não há registro no Siafi, segundo o DEM, para a Força. O governo não esconde a simpatia pelo MST, nem quando está em jogo o dinheiro público. Os três principais braços jurídicos do movimento, o Instituto de Capacitação e Pesquisa da Reforma Agrária (Iterra), a Associação Nacional de Cooperação Agrícola (Anca) e a Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária (Concrab), receberam R$ 46,9 milhões desde 2003. Mas o repasse, que já chegou a R$ 14 milhões em 2004, foi diminuindo até chegar a R$ 1,5 milhão, em 2008. O cientista político da UnB, David Fleischer, cita como um problema desses repasses a dificuldade de examinar se os recursos estão sendo aplicados. “O problema com os movimentos sociais é que não prestam conta do dinheiro que recebem. É um problema sério, como saber se está sendo aplicado se não prestam conta.
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