Não há dúvidas de que as manifestações ocorridas em todo o país nas últimas duas semanas despertaram a opinião pública para vários problemas que afligem a população brasileira: o transporte público caro e de péssima qualidade, a falta de investimentos em educação, o caos na saúde, a corrupção...Mas o que chamou a minha atenção e de muita gente no resto do mundo, que vê com perplexidade e apreensão o desenrolar dos acontecimentos, é o lado autoritário e por que não dizer? Reacionário do tal Movimento Passe livre.
Não falo aqui apenas das depredações ao patrimônio público, das agressões a profissionais de imprensa ou dos saques a lojas, bancos e até universidades. Tudo isso é apenas a expressão material do que está implícito no próprio “espírito” dos protestos: a pretensão ao monopólio da interpretação da realidade por parte de uma classe média arrogante, truculenta e despolitizada que, em função disso, acredita prescindir dos mecanismos tradicionais de representatividade, entre eles os ''partidos políticos''.
Isso ficou evidente em vários momentos dos protestos. Basta ver os cartazes, as faixas, as palavras de ordem ou as declarações de alguns de seus supostos “líderes”. Este é, a meu ver, um dos pontos principais da questão. Ora, no momento em que se nega ou recusa um elemento essencial da democracia – a representatividade – abre-se espaço para o desrespeito a tudo aquilo que constitui suas bases: as instituições, as leis, a liberdade de opinião e os direitos dos outros, incluindo os da minoria. A consequência disso não poderia ser outra: bagunça, vandalismo e violência generalizada.
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