domingo, 24 de janeiro de 2010

A DANÇA DAS CADEIRAS


DO CORREIO BRAZILIENSE:
A tendência é de renovação. De 24 distritais, oito estão no centro da crise de corrupção no DF. São eles: Leonardo Prudente (sem partido), Eurides Brito (PMDB), Júnior Brunelli (PSC), Rogério Ulysses (sem partido), Benício Tavares (PMDB), Rôney Nemer (PMDB), Aylton Gomes (PR), Benedito Domingos (PP). Além deles, estão implicados os suplentes Berinaldo Pontes (PP) e Pedro do Ovo (PRP). Junto, esse grupo recebeu 148.704 votos em 2006. Mas agora sangram com as denúncias. Em função dos escândalos, Prudente e Rogério Ulysses perderam a legenda e não podem sequer concorrer, 19 distritais da base de apoio ao governo experimentam o desgaste de um governo atingido por denúncias e, entre os não citados no caso de corrupção, há pelo menos cinco que não vão concorrer à reeleição. Devem se candidatar a deputado federal.
A crise ainda tende a jogar para baixo o quociente eleitoral das próximas eleições na Câmara Legislativa, ou seja, o mínimo necessário para se eleger um distrital. A razão entre o número de votos válidos e a quantidade de vagas na Casa (24) deve ser menor em outubro próximo. Isso porque uma das consequências do escândalo de corrupção que atingiu os políticos de Brasília praticamente em ano eleitoral, de deputados a integrantes de governo, será o incentivo ao aumento do votos brancos e nulos, que não são levados em conta na distribuição das vagas de distrital.
Deputado federal
A crise derivada da Operação Caixa de Pandora provocou dois movimentos inversos na política local. De um lado, enfraqueceu governistas que sonhavam com a vaga ao Senado e, agora, consideram a eleição para a Câmara o paraíso. De outro, fortaleceu as esperanças de candidatos de oposição que sonhavam com a Câmara dos Deputados, mas sabiam do desafio de enfrentar a força (agora combalida) de um palanque governista. Por isso, o cargo reunirá as principais apostas dos partidos.
A reviravolta no cenário político, portanto, faz o grupo de esquerda acreditar que poderá eleger quatro deputados federais — ou cinco, se conseguir fechar com o PMDB . Eis os nomes cotados: Paulo Tadeu (PT), José Antônio Reguffe (PDT), Érika Kokay (PT) e Rodrigo Rollemberg (PSB). Hoje há apenas dois representantes na Casa, Rodrigo e Geraldo Magella (PT). Entre os representantes do grupo governista que se salvaram até o momento, Eliana Pedrosa (DEM), Alberto Fraga (DEM), Osório Adriano (DEM) e até Paulo Octávio (DEM) — ele é citado no escândalo, mas tem sido blindado pelo partido — se dariam por satisfeitos com uma vaga de federal.
Senador
No auge do governo, a indicação para uma das duas vagas ao Senado que serão abertas em outubro chegou a ser motivo de crise interna no Democratas. O vice-governador Paulo Octávio, os deputados federais Alberto Fraga e Robson Rodovalho (até então filiado ao Democratas), os distritais Júnior Brunelli e Eliana Pedrosa, além do senador Adelmir Santana (DEM) se consideravam fortes o suficiente para a disputa majoritária. Além deles, outros nomes da base de apoio, como o de Tadeu Filippelli (PMDB), apimentavam a briga.
Com o escândalo que levou ao chão o palanque governista, a eleição ao Senado tornou-se improvável para a maioria dos nomes acima. Quem ainda enxerga alguma chance é Rodovalho, que migrou para o PP antes do escândalo e eliminou da disputa Brunelli, com quem divide a base de evangélicos. Adelmir Santana, por sua vez, não foi citado nas denúncias, mas, como não passou no teste das urnas (ele chegou ao Senado como suplente de Paulo Octávio), é difícil prever como será seu desempenho em condições nada favoráveis para o partido pelo qual pode ser candidato. Mesmo antes da crise, uma vaga já era dada como certa para a reeleição de Cristovam Buarque (PDT).
Governador do Distrito Federal
Até 27 de novembro, data da Operação Caixa de Pandora, a vaga de governador do DF estava praticamente reservada à reeleição de Arruda — como apontavam as pesquisas. Agora, ela é a principal dúvida para outubro. A saída do páreo do grupo que está no poder (a dobradinha Arruda e Paulo Octávio) realçou a participação da esquerda nas eleições e até abriu margem para balão de ensaio de novas candidaturas, como as de José Antônio Reguffe (PDT) e de Rodrigo Rollemberg (PSB). A frente ligada a Roriz aguarda os novos capítulos do escândalo para se consolidar como o adversário principal no duelo provável contra o PT. Nos bastidores da política local, há quem aposte, no entanto, que Roriz não resistirá aos futuros desdobramentos da crise, sendo afastado da disputa, o que deixaria o cenário ainda mais embaralhado.

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