Certas decisões políticas deveriam entrar para os anais do bestiário universal. Quando o PT de Brasília decidiu indicar o seu secretário de Assuntos Institucionais e Políticos, Hélio José Lima, para a suplência do candidato ao Senado Rodrigo Rollemberg (PSB), o desastre já podia ser visto nas estrelas. Sabe-se agora que os dois tinham um histórico de atritos políticos, por disputas de bases eleitorais do PT – incluindo até desavenças familiares antigas no Entorno do Distrito Federal. Será que ninguém no Partido dos Trabalhadores sabia dessa saia-justa? Ou simplesmente apostaram que nada disso viria à tona durante o estresse da campanha eleitoral?
Pois bem. No início de agosto, Rodrigo Rollemberg apareceu no PT de Brasília para comunicar que Hélio José é acusado de pedofilia. A vítima seria uma sobrinha. O senadoriável alegou que não poderia omitir essa informação, pois poderia ser explorada pelos adversários. A história foi confirmada pela familiar do petista, que afirma ter sido abusada por ele quando tinha entre 11 e 15 anos. No ato seguinte, o PT exigiu a desfiliação de Hélio José, que a apresentou ao diretório nacional da sigla. Isso, na prática, representava o fim da postulação do petista, já que não existe candidatura sem partido. A coligação de Agnelo Queiroz (PT) passou a procurar um substituto – o segundo suplente, Claudio Avelar (PCdoB), do Sindicato dos Policiais Federais do DF, ficou esperançoso, mas a vaga é do PT.
Na esteira do escândalo, Hélio José disparou pesado contra Rollemberg. Além de vazar antigos ressentimentos, fez uma acusação muito grave: segundo o petista, seu companheiro de chapa estaria leiloando a vaga de suplente que deveria ser sua. Como ele disse aos jornais, a vaga estaria sendo negociada com um “milionário do ramo da química, integrante de um dos partidos da coligação”. Não apresentou provas.
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