segunda-feira, 25 de outubro de 2010

OS PECADOS DE RORIZ

Talvez por presunção ou pela total falta de opções (será que não conseguiu encontrar outra pessoa em quem pudesse confiar?), Roriz também se esqueceu de avaliar mais meticulosamente a configuração política que se formou em Brasília. Como lançar a própria mulher como sua substituta (por insanáveis problemas jurídica em sua postulação) em um ambiente, graças aos escândalos do ano passado, totalmente hostil? A maioria maciça da elite formadora de opinião em Brasília nunca foi fã de Roriz. Isso não é novidade. Só que na atual situação, era previsível que houvesse uma maior atenção a esse tipo de jogada. A contrapropaganda, indicando que “Roriz pensa que é dono da cidade” (por ter lançado a mulher), ganhou as ruas. Indignou até mesmo partes de seu eleitorado mais cativo.
 
Outros fatores atrapalharam a frágil candidatura de Weslian Roriz. A falta de identidade com o projeto de José Serra é apenas um deles - a própria cena do abraço confrangido dos dois, exibido no programa eleitoral do segundo turno, mostra essa dificuldade. Até podendo bater à vontade em Dilma e razoavelmente no governo Lula, as bases tucanas, mesmo oficialmente atreladas à campanha de Roriz, precisavam fazer malabarismos retóricos ao defenderem propostas dos dois candidatos. Roriz (Weslian) e Serra representam visões e práticas políticas bem diferentes. Tal diferença é o que fez com que segmentos mais avançados do grupo rorizista se aproximassem com tanta facilidade do projeto de Arruda. Apesar de manter seu inegável apelo popular, Roriz precisava lidar com essa impressão (natural até no seu grupo) de que era preciso reformar a casa — por uma questão de sobrevivência.
 
Na região do Entorno, onde Roriz sempre manteve postos avançados para reforçar seu eleitorado no DF, a situação também se complicou. Essa visão mais tradicional da operação política, questionada internamente pelo grupo que saltou do barco do ex-governador, combinava mais com o antigo parceiro goiano, o governadoriável Iris Rezende (PMDB). Só que neste ano, o peemedebista está ao lado de Lula e de Dilma. Aliás, Iris e Agnelo fizeram uma grande mobilização em Águas Lindas, na sexta-feira, 22. Pela primeira vez, diz uma fonte da cidade do Entorno, o PMDB e o PT de Goiás parecem estar totalmente à vontade para somar esforços. Isso irritou Roriz profundamente, pois o PMDB na região sempre esteve em sua órbita. E pior: assim como acontece com Serra, sempre foi difícil para as bases do tucano Marconi Perillo, favoritíssimo ao governo (especialmente no Entorno), “vender” o nome Roriz para seu eleitorado.
 

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