domingo, 5 de fevereiro de 2012

ESQUENTA A BRIGA NO PT

JORNAL OPÇÃO:

Agnelo Queiroz não só está resgatando as viúvas de Roriz e Arruda, mas também fortalecendo grupos distintos dentro do PT, principalmente o seu rival, deputado federal Geraldo Ma­gela.” Essa frase foi pinçada de uma conversa na quinta-feira, 2, no cafezinho da Câmara Le­gislativa. A maioria ainda não percebeu que Magela está fingindo de morto, para pegar os urubus que começam a sobrevoar o Palácio do Buriti percebendo presa agonizante. Grupos que se digladiam dentro do PT não se manifestavam, até agora, por causa da força do secretário de Governo, Paulo Tadeu. Com a retirada de poderes de sua pasta, a queda de braço passa a ser mais transparente, sem aquele jogo de sombras indecifrável, tão característico do PT. Magela não engoliu a rasteira que levou de Agnelo e Chico Vigilante na escolha do nome para disputa de 2010. Como à época Lula bateu o martelo e definiu por Agnelo, só restou a Magela disputar para deputado federal e engolir a seco, mas o cenário mudou.

Magela ‘está secretário’ no governo de Agnelo e sabe que, como deputado federal, é um forte candidato em 2014, principalmente se o governo de Ag­nelo fizer água. Embora muita gente acredite que se houver uma catrástofe política pelo lado do PT brasiliense, esta pretensão morre na praia. Outra avaliação mais otimista acredita e defende a tese de que Magela ainda é um nome histórico e ético que pode salvar a legenda. “O Magela mu­dou seu estilo carrancudo de guerrilheiro ur­bano abolindo o discurso radical, tornando-se conciliador, bem à medida da social democracia”, brinca um rorizista.

Mesmo que desminta ou faça voto de silêncio, os últimos movimentos de Magela na mídia levam a acreditar que ele busca uma maior aproximação da classe média. Também não descuida da assistência às cidades administrativas, passando a imagem de homem experiente, conhecedor da gestão pública do DF e preparado para gerir os destinos do brasiliense. Soma-se a este modelo, o sinal que a cúpula nacional vem emitindo para ele sob o manto de “defensor da história e do patrimônio cultural e arquitetônico de Brasília”. É bom co­meçarem a prestar atenção. Es­queçam aquele Magela do passado. Até corte de cabelo foi modificado e a indumentária não é mais parecida como de piqueteiro de porta de fábricas. Ele aprendeu com Lula que “as pessoas têm que se ver nele”: bem-sucedido, bem-vestido, enfim, incorporado no figurino da prosperidade e do sucesso. “Acabou o tempo do discurso do fracasso”, lembra um apoiador de Magela.

Esta mudança é o prenúncio de que na disputa de 2014 Ma­gela vai estar por lá. Queira ou não o grupo de Paulo Tadeu ou de outros petistas de plantão. A propósito: pouca gente acredita que Paulo Tadeu vá sobreviver até 2014. A atitude arrogante com que ele tratou os grupos ad­versários, afastando-se de pessoas que o ajudaram a vida toda, fez dele um político de poder e não de expectativa de poder. Se não for isto, por que andar com quatro seguranças? Esta é a grande pergunta que se faz no meio político. É neste hiato de travessia que Magela está à frente.

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