Do Correio Braziliense: Escolhida na primeira licitação deste ano da Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap) para realizar o corte de grama em várias cidades do Distrito Federal, a Danluz Indústria, Comércio e Serviços Ltda. foi denunciada pelo próprio governo local por suspeita de fraude. Na semana passada, a Companhia Energética de Brasília (CEB) enviou representação ao Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) e à Polícia Civil em que relata descoberta de que a Danluz apresentou documentos falsos de qualificação técnica para conseguir contratos de iluminação pública.
Na denúncia, a CEB detalha ter descoberto que a empresa. ao apresentar uma declaração supostamente expedida pela mineradora Anglo American Brasil Ltda., tentou comprovar qualificação num serviço que não prestou. No documento, é atestado que a Danluz trabalhou com qualidade na montagem de subestações de energia, cabeamentos, construção de rede de dutos e substituição de transformadores. O contrato teria sido executado por R$ 499.120,20, na zona rural do município de Ouvidor (GO), a 274 quilômetros de Goiânia. Com essa documentação, o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA) de Goiás emitiu certidão de acervo técnico, uma espécie de certificação de que a Danluz realizou os serviços com sucesso.
O problema é que Anglo American Brasil Ltda., com sede em Catalão (GO), enviou um desmentido à CEB. “De acordo com nosso controle interno, verificamos que a empresa Danluz jamais prestou serviços para a Anglo Brasil, razão pela qual a Anglo Brasil não tem informações suficientes para atestar a capacidade técnica ou emitir declaraçãoes a respeito da Danluz”, afirmou José Renato Santana Borges, gerente de RH e Administrativo da Anglo American. Em 27 de janeiro deste ano, o CREA-GO cancelou a certidão em favor da empresa.
Ao receber a representação da CEB, a procuradora-geral de Justiça do DF, Eunice Carvalhido, remeteu a documentação para a 2ª Promotoria de Defesa do Patrimônio Público e Social (Prodep), que vai investigar o caso. Por causa da suposta falsidade ideológica, a CEB estuda medidas para punir a Danluz ,contratada por vários anos seguidos para colocação e manutenção de postes e redes de iluminação pública. Enquanto isso, a Novacap se prepara para assinar um novo contrato com a empresa para realizar o serviço de corte grama em cidades como Planaltina, Sobradinho, Samambaia, Taguatinga e Guará, na tentativa de resolver o problema do mato alto herdado da administração de Rogério Rosso (PMDB). A Danluz venceu dois lotes do pregão da Novacap e vai levar contratos de R$ 3,5 milhões e R$ 4,5 milhões.
O atestado apresentado à CEB não foi utilizado na disputa promovida pela Novacap, até porque, no caso do corte de grama, o GDF selecionou a empresa levando em conta apenas o menor preço, sem exigências técnicas. As empresas escolhidas pela Novacap vão dividir um contrato que vinha sendo tocado pela GHF, vencedora de uma licitação ocorrida em 2008. O caos em todas as cidades do DF mostrou que a GHF não tinha condições de manter o negócio sozinha. Se ficar comprovado que a Danluz se envolveu em falsidade, a empresa pode ser considera inidônea e ficar impedida de firmar e manter contratos com o Poder Público.
Além da grama, a Danluz se prepara para concluir a reforma do Teatro Nacional. O GDF publicou, na edição do Diário Oficial da última quarta-feira, o extrato do contrato pelo qual a empresa receberá R$ 777,5 mil para fazer a impermeabilização e pintura da fachada do prédio.
Sem condenações
O engenheiro José Rodolfo Rodrigues de Castro, responsável técnico da Danluz, sustenta que a empresa presta serviços há mais de 20 anos para a CEB e estranhou a denúncia. Ele disse que a Danluz não foi notificada e não está sob investigação na Operação Caixa de Pandora. A empresa apresenta decisões do Tribunal de Contas do DF que atestariam a regularidade de vários serviços e obras executados no DF. “Somos muito transparentes. Nada do que foi citado em depoimentos na Operação Caixa de Pandora foi confirmado”, afirmou.A direção da Novacap informou, por meio da assessoria de imprensa, que a Danluz apresentou o menor preço no pregão e demonstrou todas as condições para cortar o mato e a grama, conforme estabelece o edital. O pregão teria sido acompanhado pela Secretaria de Transparência e pelo Tribunal de Contas.
A Novacap afirma também não ter conhecimento da denúncia feita pela Superintendência de Administração de Suprimentos da CEB. De acordo com a companhia, a empresa não pode ser desqualificada porque não há condenação que a impeça de participar de licitações ou acusação formal que a descredencie. Segundo a Secretaria de Comunicação, o governo aguarda a apuração do caso e se houver um fato capaz de impedir legalmente a Danluz de executar contratos públicos as devidas serão tomadas para evitar que a empresa preste serviços ao GDF.
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