O suposto descaso do GDF com uma de suas principais construções tem ao menos uma justificativa: orçada inicialmente em R$ 40 milhões, a Ponte JK foi entregue pelo ex-governador Joaquim Roriz depois de um desembolso de nada menos que R$ 186 milhões. Por esse preço, deveria ser a ponte mais firme do mundo. Desde 2007, o rumor sobre o superfaturamento do cartão postal deixou de ser mais um “folclore” sobre o ex-governador para se tornar um papagaio em busca de um dono: os tribunais de contas da União e do DF denunciaram uma série de irregularidades, entre elas falhas no projeto e sangria dos cofres públicos. A conta-extra, segundo a corte especial do DF, é de pelo menos R$ 26 milhões. E alguns dos ordenadores de despesa daquela época estão de volta à situação – estiveram fora algum dia?
Para os próximos rounds da crise, o bom senso recomenda que o governador Agnelo Queiroz não dê as caras (até porque nada tem a ver com o enguiço). Só que, ironicamente, Agnelo indicou como seu secretário de Obras o deputado federal Luiz Pitiman (PMDB). O peemedebista presidiu a Novacap na época de Roriz. Em função disso, é provável que Pitiman também evite as câmeras nos próximos dias. Como o Corpo de Bombeiros alerta que a ponte continua oscilando mais do que o normal, alguma obra será necessária: uma mordida de mais alguns milhares (quem sabe, milhões) de reais no bolso do contribuinte. Alguém terá de aparecer para explicar os problemas e apresentar a conta. É nesta hora que sai Hobbes e entra Maquiavel.
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